Mandioca o Pão do Brasil desde 1500
Originaria da região central do Brasil a mandioca faz parte da base alimentar ao longo de toda história do Brasil. Os índios que aqui viviam antes da chegada dos portugueses utilizavam a mandioca como o pão e suas variadas formas de preparo.
Assim em 1500 quando os portugueses aportaram no Brasil descobriram não só um país, mas também a mandioca a qual inicialmente deram uma denominação incorreta chamando de inhame(mandioca) que brota da terra. Mas que aprenderam a apreciar e incorporaram a sua alimentação cotidiana.
... Manoel da Nóbrega, vindo como primeiro governador-geral Tomé de Souza, deixou registrada, em suas Cartas do Brasil, publicadas em 1549, a adesão dos estrangeiros ao sustento básico dos nativos: “o mantimento comum da terra é uma raiz de pau, que chamam mandioca, da qual fazem uma farinha de que comemos todos” (Nóbrega, 1931:98).
“...a mandioca é mais sadia e proveitosa que o bom trigo, por ser de melhor digestão (...) os governadores Tomé de Souza, D. Duarte e Mem de Sá não comiam no Brasil o pão de trigo, por não se acharem bem com ele, e assim o fazem muitas outras pessoas” (Sousa, 1971[1587]:179-180).
Os primeiros governantes perceberam no consumo da mandioca sua leveza e melhor digestão, passando a consumi-la diariamente como pão no Brasil em detrimento ao pão feito com trigo vindo da Europa
Assim em 1500 quando os portugueses aportaram no Brasil descobriram não só um país, mas também a mandioca a qual inicialmente deram uma denominação incorreta chamando de inhame(mandioca) que brota da terra. Mas que aprenderam a apreciar e incorporaram a sua alimentação cotidiana.
... Manoel da Nóbrega, vindo como primeiro governador-geral Tomé de Souza, deixou registrada, em suas Cartas do Brasil, publicadas em 1549, a adesão dos estrangeiros ao sustento básico dos nativos: “o mantimento comum da terra é uma raiz de pau, que chamam mandioca, da qual fazem uma farinha de que comemos todos” (Nóbrega, 1931:98).
“...a mandioca é mais sadia e proveitosa que o bom trigo, por ser de melhor digestão (...) os governadores Tomé de Souza, D. Duarte e Mem de Sá não comiam no Brasil o pão de trigo, por não se acharem bem com ele, e assim o fazem muitas outras pessoas” (Sousa, 1971[1587]:179-180).
Os primeiros governantes perceberam no consumo da mandioca sua leveza e melhor digestão, passando a consumi-la diariamente como pão no Brasil em detrimento ao pão feito com trigo vindo da Europa

Como observou Câmara Cascudo,“...a mandioca dominou o paladar português na cotidianidade do uso tornado indispensável. Era a reserva, a provisão, o recurso” (Cascudo, 2004:92).
As grandes distâncias percorridas pelas embarcações e o alto custo de transporte de alimentos estabeleceu um início de comércio com os índios que utilizam a mandioca e a farinha como moeda de troca por espelhos, facas e outras ferramentas, e os portugueses faziam sua provisão em sacos de farinha para as longas viagens.
Corroborando a observação de Nóbrega, Anchieta, em sua Informação (Ânua) datada de 1585, promoveu o alimento, elevando-o à categoria de pão. Com sua célebre frase “O pão da terra é de raízes de mandioca”, elegendo no Brasil, a mandioca como símbolo da alimentação.
Posteriormente a mandioca foi reconhecida por Theodore Peckolt, em sua obra História da Humanidade e das Plantas Medicinais, publicada em 1847 (Peckolt apudAmaral, 1958, 1:219), como “o pão dos trópicos”, a mandioca tomou a si a função de alimentar todas as raças e gentes que aportavam ao continente americano em busca do paraíso tropical, pleno de riquezas e exotismos, ou que para cá vinham trazidos para os obrigatórios fazeres.
Essa raiz tuberosa, segundo Luís Amaral, autor da História da Agricultura Brasileira, de 1939, está relacionada ao processo de colonização do Brasil.
“...sem essa coisa vil, que era a mandioca, aqui cultivada à época do descobrimento, não teria sido possível a colonização do Brasil no século XVI, não só porque não teria sido viável transportar mantimentos da Europa como também porque, mesmo quando a distância fosse menor, a Europa padecia crise de subsistência e procurava mercados de compra.” (Amaral,1958:1:303). (apud Embrapa, pg. 85)
O transporte dos escravos também foi viabilizado pela alimentação com farinha, cada escravo recebia ao entrar no navio seu saco de farinha como suprimento para a viagem, e com caldo de peixe ou carne era a alimentação disponível para as longas viagens.
O feijão tropeiro foi originado das expedições dos bravos tropeiros que adentravam o Brasil para caçar e abrir fronteiras e na bagagem levavam farinha de mandioca e preparavam o feijão tropeiro com a farinha e a caça capturada ao longo da caminhada.
A primeira constituição do Brasil foi chamada de Constituição da Mandioca no século XIX e recebeu este nome porque só detentores de alqueires de mandioca tinham direito a voto e ser votado, 150 alqueires – na paróquia, 250 alqueires – na província, 500 alqueires – candidato a Deputado, 1000 alqueires – candidato a Senador (Aguiar,1982).
A mandioca teve importante papel econômico no Brasil desde os primórdios de nossa história. Impactou a colonização do Brasil e distribuiu para o mundo essa cultura que alimenta os homens e os animais e cada dia ganha mais importância devido a sua ampla capacidade de adaptação as mudanças climáticas sendo reconhecida pela FAO como acultura do século XXI e ao grande número de pessoas que alimenta ao redor do mundo.
Atualmente a mandioca vem ganhando espaço na culinária brasileira além do uso da farinha, como opção de alimentação saudável e de pratos gourmet valorizando cada vez mais a cultura alimentar brasileira e seu potencial cada vez maior de participação na culinária do brasileiro.
Acompanhe a série de artigos que iremos publicar sobre a mandioca evidenciando suas características, aspectos econômicos e importância sociocultural para o Brasil.
Por Jeilly Vivianne
Jeilly Vivianne é Engenheira Agrônoma, Pós Graduada em Gestão Ambiental em Sistemas Agrícolas, Mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, Coordenadora Técnica do Plano de Ação Territorial da Mandiocultura no Extremo Sul da Bahia e atua na implantação do Programa de Desenvolvimento Rural Territorial - PDRT, da Suzano, no Extremo Sul da Bahia.
Fonte:
Mandioca O pão do Brasil, Embrapa, 2005.
AGUIAR, P. Mandioca: pão do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. (Coleção Retratos do Brasil, v. 166).
As grandes distâncias percorridas pelas embarcações e o alto custo de transporte de alimentos estabeleceu um início de comércio com os índios que utilizam a mandioca e a farinha como moeda de troca por espelhos, facas e outras ferramentas, e os portugueses faziam sua provisão em sacos de farinha para as longas viagens.
Corroborando a observação de Nóbrega, Anchieta, em sua Informação (Ânua) datada de 1585, promoveu o alimento, elevando-o à categoria de pão. Com sua célebre frase “O pão da terra é de raízes de mandioca”, elegendo no Brasil, a mandioca como símbolo da alimentação.
Posteriormente a mandioca foi reconhecida por Theodore Peckolt, em sua obra História da Humanidade e das Plantas Medicinais, publicada em 1847 (Peckolt apudAmaral, 1958, 1:219), como “o pão dos trópicos”, a mandioca tomou a si a função de alimentar todas as raças e gentes que aportavam ao continente americano em busca do paraíso tropical, pleno de riquezas e exotismos, ou que para cá vinham trazidos para os obrigatórios fazeres.
Essa raiz tuberosa, segundo Luís Amaral, autor da História da Agricultura Brasileira, de 1939, está relacionada ao processo de colonização do Brasil.
“...sem essa coisa vil, que era a mandioca, aqui cultivada à época do descobrimento, não teria sido possível a colonização do Brasil no século XVI, não só porque não teria sido viável transportar mantimentos da Europa como também porque, mesmo quando a distância fosse menor, a Europa padecia crise de subsistência e procurava mercados de compra.” (Amaral,1958:1:303). (apud Embrapa, pg. 85)
O transporte dos escravos também foi viabilizado pela alimentação com farinha, cada escravo recebia ao entrar no navio seu saco de farinha como suprimento para a viagem, e com caldo de peixe ou carne era a alimentação disponível para as longas viagens.
O feijão tropeiro foi originado das expedições dos bravos tropeiros que adentravam o Brasil para caçar e abrir fronteiras e na bagagem levavam farinha de mandioca e preparavam o feijão tropeiro com a farinha e a caça capturada ao longo da caminhada.
A primeira constituição do Brasil foi chamada de Constituição da Mandioca no século XIX e recebeu este nome porque só detentores de alqueires de mandioca tinham direito a voto e ser votado, 150 alqueires – na paróquia, 250 alqueires – na província, 500 alqueires – candidato a Deputado, 1000 alqueires – candidato a Senador (Aguiar,1982).
A mandioca teve importante papel econômico no Brasil desde os primórdios de nossa história. Impactou a colonização do Brasil e distribuiu para o mundo essa cultura que alimenta os homens e os animais e cada dia ganha mais importância devido a sua ampla capacidade de adaptação as mudanças climáticas sendo reconhecida pela FAO como acultura do século XXI e ao grande número de pessoas que alimenta ao redor do mundo.
Atualmente a mandioca vem ganhando espaço na culinária brasileira além do uso da farinha, como opção de alimentação saudável e de pratos gourmet valorizando cada vez mais a cultura alimentar brasileira e seu potencial cada vez maior de participação na culinária do brasileiro.
Acompanhe a série de artigos que iremos publicar sobre a mandioca evidenciando suas características, aspectos econômicos e importância sociocultural para o Brasil.
Por Jeilly Vivianne
Jeilly Vivianne é Engenheira Agrônoma, Pós Graduada em Gestão Ambiental em Sistemas Agrícolas, Mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, Coordenadora Técnica do Plano de Ação Territorial da Mandiocultura no Extremo Sul da Bahia e atua na implantação do Programa de Desenvolvimento Rural Territorial - PDRT, da Suzano, no Extremo Sul da Bahia.
Fonte:
Mandioca O pão do Brasil, Embrapa, 2005.
AGUIAR, P. Mandioca: pão do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982. (Coleção Retratos do Brasil, v. 166).